Oi, tudo bem?
Neste exato momento, passo por uma crise monumental. Talvez não tão grande como outras crises enfrentadas no passado, mas parece monumental para mim agora. O que está no passado tem aquele tom mais leve de que já foi, já superamos, já sabemos o resultado final e, por isso, não parece ter sido tão difícil e tão demorada a travessia. Mas o agora...ah, o agora.
Tem pappy que está passando por uma senhora dificuldade no momento e fica se lamentando pelos cantos, dizendo que não merecia passar por tudo isso, que não merecia sofrer tamanha traição. E, novamente, vem o peso do passado porque ele não lembra dos estragos que já causou, das coisas do passado que já pesaram (e ainda pesam) tanto. E nós temos que suportar toda a cena para evitar uma situação pior.
Tem mammy com dificuldades também, não tão graves quanto pappy em alguns aspectos, mas piores em outros aspectos. E eu sigo equilibrando os pratos igual malabarista de circo, porque não consigo me ver longe de mammy, longe da minha casa, sem poder cuidar dela e ser a companhia constante e parceira que está lá para o que der e vier, para fazer os programas malucos de sábado, para ficar vendo filme trash até tarde, para tomar café e bolacha na mesa depois de um dia e tanto de trabalho.
Tem o garoto. Que quer casar aos 24 anos. Que tem a maturidade de um...de um... de ninguém: porque fala, fala, fala e quando é confrontado, foge do que foi dito. E que fica me pressionando para casar, para ficar junto, para dividir mais ainda a vida que já dividimos.
Tem o trabalho. Cada dia está mais corrido, mais apertado, mais cheio de pressão e prazos e metas. E com menos pessoas comprometidas ao redor. E isso faz toda a diferença. Quer um exemplo? Há cinco anos peço um período de folga para poder cursar minha tão sonhada pós graduação e nada de autorizarem. E uma novata conseguiu mexer com os horários de praticamente toda a equipe para fazer graduação. Isso desanima.
Tem a igreja. A fé, na verdade. Não me sinto mais motivada na igreja atual. Não me mudo para a igreja do garoto nem de graça. Não sei se quero voltar para minha antiga igreja. E nesse ritmo, sinto que a cada dia minha fé está esfriando e isso não é bom.
E tem a idade chegando...
Tive crise dos 30 em todas as idades: aos 25 (completei 1/4 de século!), aos vinte (saí da adolescência!), aos quinze (entrei na adolescência!)....acho que até aos cinco (minha mãe não me pega mais no colo...buáááááá). Agora, com todos esses itens citados acima, não estou com crise mas sentido o conformismo bater. Aquela sensação esquisita meio: “uau, estou ficando velha e não fiz nada de interessante ou relevante e já vou morrer!”. É, sou a rainha do drama!
Poderia ter feito tanta coisa e não fiz nada: não estudei jornalismo, não me mudei para São Paulo, não virei correspondente internacional da Folha de São Paulo e não estou morando em Los Angeles e cobrindo o Oscar. Acho que depois dos 25 a curva é meio na descida mesmo.
Olho para minha vida agora e parece que estou assistindo a um filme do lado de fora: tenho um trabalho ótimo, porém não é o que sonhei; tenho um namorado perfeito, mas quem disse que pedi alguém na minha vida? Tenho família, mas não vivem como eu queria.
E no meio de tudo isso, acho que uma vozinha bem suave que poderia ser chamada de consciência, serenidade, maturidade ou até quem sabe Espírito Santo vem e sopra algumas respostas...
Hoje é seu aniversário, vamos recomeçar? Vamos ver a vida por outro ângulo?
Tem pappy que cercado por duas fortalezas prontas para encarar qualquer coisa, desde que estejamos juntos e unidos.
Tem mammy que é uma verdadeira rocha, exemplo de segurança na tempestade e que simplesmente sonha em me ver seguindo meus caminhos e sendo feliz.
Tem o garoto que, por mais que fique falando, não vai casar agora e talvez nem nunca e com quem eu preciso aprender a lidar.
Tem o trabalho que sempre traz uma novidade, um vento leve de uma risada de uma amiga, uma história engraçada de um cliente, uma santa terapia.
Tem a igreja que não se resume a frequentar um serviço religioso, mas sim a se esforçar a cada dia para praticar duas coisinhas básicas: amar a Deus sobre a todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo...e isso inclui no pacote todo o resto.
E tem os 30 anos!
Estou ficando velh...quer dizer, experiente. Ainda não uso a fila de preferência de bancos e nem ando de graça nos ônibus. Mas estou me acostumando com o corpo que não emagrece mais com tanta facilidade, com os branquinhos no topo da cabeça por causa do..hã...estress....com a insistente dor nas costas porque os ossos pedem o alongamento que nunca tiveram. Mas, como disse uma amiga, “garota, você é uma sobrevivente! Yeah, baby! Você está viva há três décadas depois de ter passado por catapora, gripe, acidente, decepção amorosa. Tem noção de quantas pessoas morreram nestes obstáculos?!” – acabei rindo de mim mesma.
Não conquistei tudo que queria, mas Deus já me deu quase tudo que preciso. E me sustenta todos os dias em todos os sentidos. É, acho que para os 30 já está bom.
Afinal, não se pode ter tudo ainda aos 30. E, como diria essa minha amiga aí de novo, o que são 30 aninhos pra quem sonha viver a eternidade?