Oi, tudo bem?
Depois de muito tempo, voltei para minha terrinha. E sozinha!
Tivemos um treinamento em São Paulo e minha chefe pediu para ir no lugar dela porque o marido dela está passando por um tratamento de câncer - aliás, oremos por ele porque ele é como um segundo pai para mim, já foi meu chefe por 4 anos no emprego anterior e, praticamente, tudo que sei no trabalho, aprendi com ele. Além dos dois serem meus padrinhos de casamento.
Como ele passou por uma cirurgia, ela queria ficar com ele e pediu se eu poderia ir pra Sampa no lugar dela. Macaco quer banana? Lógico que aceitei.
Fui de busão, sozinha pela primeira vez, e penei por quase cinco horas em um ônibus que pára se a árvore balançar na estrada. As outras duas meninas que iam de escolas da região, foram em outros ônibus em outros horários e fomos nos falando por zap até chegar na Barra Funda.
Pegamos táxi, fomos para o hotel e tivemos que comer lanche porque já estava tudo fechado às 22h05 (na verdade, o problema maior foi a localização do hotel bem no centrão velho de Sampa que é meio perigoso para sair à noite e as meninas não queriam pagar táxi que a empresa não ia reembolsar).
O lanche me fez ir dormir depois das 2h da manhã. Admito: senti falta da cama, do chuveiro, da Neguinha e do garoto. Minha casa é meu pequeno paraíso e percebi que, agora que minha vida e da minha família está estabelecida, eu não tenho mais motivos parar querer morar longe, viver na correria extrema e só pensar em ganhar dinheiro. Tem coisa mais importante que isso. E essa vibe de minimalismo e slow living me faz dar valores maiores às pessoas do que as coisas (Deus, com certeza, é a principal razão de eu estar buscando uma vida melhor a cada dia).
Dia seguinte, caprichei no café da manhã (suco de melancia, ovo mexido, cereal com achocolatado e rabanada) e fomos pro treinamento. Depois, as meninas queriam bater perna no Brás com mala e tudo, mas consegui convencê-las a ir pro shopping.
Quarenta minutos depois.... ar condicionado e segurança, pudemos comer e passear tranquilamente antes de ir pro terminal para voltar para casa.
Subindo a rampa do terminal, tinha uma senhora bem figura na minha frente (calça moletom dois tamanhos menores, mochila virada na frente do corpo e viseira de praia em um corpinho de 1,4 m) que ficava me fazendo careta, enquanto um "nóia" (palavras da senhora) estava em cima da minha amiga para ajudá-la a carregar a mala. Confesso que não sabia se estava com mais medo da senhora ou do garoto. No final da rampa, o garoto devolveu a mala para minha amiga e nos desejou boa viagem. A senhora me agarrou pelo braço: "estava te avisando que ele é perigoso!".
Gente, eu fiquei até sem graça. Sei lá se o cara era perigoso ou não, mas a que ponto chegamos de ter medo das pessoas por causa da violência? Que mundo é esse?
Casa, cama, chuveiro, ver minha filha, minha mãe e dormir com meu garoto... essas coisas não tem preço e Sampa não tem mais o mesmo gosto de antes.