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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Bora descansar, mammy?

Oi, tudo bem?

Pra quem não sabe, mammy já tem 62 anos (com carinha de uns 50, pode acreditar) e trabalha fora há quase 10.

Antes de casar, ela trabalhava fora mas quando se casou, em 1982, ficou naquele dilema que as mulheres tinha naquela época: continuar trabalhando fora ou virar dona de casa? (Ô tempo bom....).

Como ela engravidou rápido de mim (tipo um mês depois de casada), ela acabou ficando com a 2ª opção e foi assim por quase longos 18 anos.

Quando eu estava na faculdade, passamos por sérios problemas financeiros (novamente, porque pappy já tinha falido quando eu tinha 12 anos e tivemos que vender casa, carro, rim para pagar dívidas de bancos e agiotas).

Naquela 2ª falência da família, eu já estagiava e mammy se virava nos 30 para ajudar na renda da casa, mesmo sem trabalhar fora: vendia pão, tapete de crochê... até itens da cesta básica que eu recebia e que não usávamos, ela vendia na venda da esquina para fazer um troco.

Ela começou a pegar serviço terceirizado de banca de calçado para fazer casa: costura, bordado, enfeites. E assim foi até ela conseguir um emprego registrado na cozinha de um hospital da cidade. Trabalhou 3 meses lá e não aguentou a pressão de uma abençoada colega de trabalho que era o próprio cão-chupando-manga para infernizar a vida das outras.

Voltou para o calçado mas não desistiu do emprego registrado. Prestou vários concursos e, finalmente, foi chamada para trabalhar de merendeira municipal. Meu maior orgulho! Ficou 8 anos na mesma escola, trabalhando manhã e noite e segurando toda a cozinha com mais de 100 alunos sozinha à noite sem receber hora extra.

Quando finalmente conseguiu mudar para horário diurno, as substitutas dela foram trabalhar em 2 à noite para cerca de 60 alunos e ainda receberam hora extra porque acharam o serviço puxado demais. É, mammy é muito boa no que faz mesmo.

Só que serviço de cozinha é muito puxado e a saúde dela começou a cobrar o preço: artrose, artrite, dores nas costas, nas mãos... Então, com a eminente reforma da previdência para acontecer e ela correndo o risco de ter que trabalhar até os 75 anos, conseguimos convencê-la a entrar com o pedido de aposentadoria.

Fizemos todo o processo pelo aplicativo MeuINSS porque a agência da nossa cidade não faz mais nenhum atendimento presencial sem que tem algum registro de solicitação pelo aplicativo. A solicitação foi feita em 24 de julho e o pedido foi aprovado religiosamente em 10 de setembro (a data que constava no pedido era 7 de setembro, mas foi feriado que emendou com final de semana... sabe como é?!).

O último dia no trabalho dela foi aquele chororô, afinal ela ia fazer muita falta mesmo. Agora, ela é uma senhorinha aposentada que está colocando os seriados e filmes do Netflix em dia. Afinal, com o valor da aposentadoria no Brasil, não dá pra fazer muita coisa mesmo.